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V EBPC: além de mais investimentos, atenção oncológica exige decisões estratégicas

V EBPC: além de mais investimentos, atenção oncológica exige decisões estratégicas

Os desafios da atenção oncológica no Brasil foram debatidos por profissionais, gestores e pacientes

Muito mais que maiores investimentos, a atenção oncológica no Brasil exige decisões estratégicas, da prevenção, detecção precoce, ao fornecimento de tratamentos de alta complexidade. Tratamento humanizado, equipes multidisciplinares, avanços tecnológicos, financiamento do SUS, campanhas de rastreamento, entre outros, foram discutidos durante todo o evento.

No painel “Panorama da atenção oncológica”, palestrantes e gestores expuseram os desafios de suas áreas:

Para o médico Rafael Aliosha Kaliks, do Hospital Albert Einstein e diretor científico do Oncoguia, atualmente, o tratamento do câncer está evoluindo muito rápido e é preciso garantir que os pacientes, em especial do SUS, tenham acesso aos procedimentos mais adequados. Observa a necessidade de atendimento personalizado, de acordo com as características de cada paciente. Lembrou do pouco apoio que existe aos pacientes com câncer metastático – metade dos brasileiros desconhece ou acha que não existe tratamento para a doença metastática – e das diferenças entre os tratamentos oferecidos pelos convênios, pelo SUS e o que ainda não chegou ao Brasil. Citou como exemplo a estimativa aponta que cerca de 5 mil mulheres HER2 positivas, atendidas pelo SUS, perderam a vida pelo atraso na implementação de tratamento curativo para esse tipo de câncer (trastuzumabe). Citou ainda a necessidade de equipes multidisciplinares, formadas por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros.

O presidente da Associação Catarinense de Medicina, Rafael Klee de Vasconcelos, destacou que o câncer é um problema de saúde pública. Levantou a polêmica da mamografia a partir dos 40 anos. Considera um desgaste desnecessário, tanto para as mulheres, quanto desperdício de recursos públicos. Porém, considerou que o grande gargalo na saúde ainda é o diagnóstico. Segundo ele, de 30% a 40% dos pacientes, no SUS, vão deixar de receber o tratamento adequado, comparado com o não SUS. Outros desafios apontados são o rastreamento das doenças mais comuns e preparo para o seguimento após o período crítico de cinco anos – a volta do paciente à atenção básica.

A enfermeira Rejane Leite de Souza Soares, consultora técnica do Ministério da Saúde, ressaltou que precisa haver uma rede de atenção à saúde de pessoas com doenças crônicas.  Atualmente, o maior déficit no tratamento do câncer é a radioterapia. O Governo Federal está adquirindo 80 máquinas, sendo quatro para Santa Catarina. Porém, para a implantação, é preciso que os hospitais tenham a estrutura física adequada e uma equipe multidisciplinar para operá-lo. O Ministério da Saúde está realizando, atualmente, um controle maior das equipes que operam equipamentos de diagnóstico, exigindo a presença de profissionais necessários.

Também participou do debate o secretário municipal de Saúde de Florianópolis, Carlos Daniel Moutinho Júnior. Ele lembrou que, na saúde pública, há sempre novos desafios a vencer. Destacou o foco do município, em colocar a prevenção em primeiro lugar. De acordo com ele, o município já alcançou 100% de cobertura na atenção básica, ficando em primeiro lugar entre as capitais brasileiras. Foi questionado pela platéia sobre a demora na obtenção de diagnósticos. Apresentou ainda outros desafios que o município enfrenta, como a falta de prestadores de serviço para ultrassom de mama.

Já o defensor público da União, Gabriel Faria Oliveira, lembrou de decisão, a ser votada pelo Supremo Tribunal de Justiça, para que a União não responda solidariamente nos processos de fornecimento de medicamentos de alto custo. “Estado e União muitas vezes discutem responsabilidades que deveriam ser de todos”, afirma.

Os desafios do tratamento do câncer de próstata também foram debatidos, no segundo dia do evento:

O exame de toque retal é um dos maiores receios dos homens quando se trata de saúde preventiva. Recomendado para homens acima de 40 anos, o método é rápido e eficiente na descoberta de um possível câncer de próstata, porém, menos da metade dos homens desta faixa etária realizam o exame. O motivo principal é a suposta ‘prova de masculinidade’ que os pacientes passam. Com isso em vista, o painel “Mitos e Realidades do Câncer de Próstata” tratou de falar do tema com bom humor, mas ao mesmo tempo com informação. Além disso, o Novembro Azul e sua importância na sociedade entraram em pauta também.

Luiz Alberto da Silveira, médico oncologista clínico, moderou o painel e fez a primeira palestra, tratando das verdades e mitos sobre o câncer de próstata. Apontou o toque retal como método eficiente de rastreamento, indicado para homens com mais de 40 anos. Porém, ressaltou como desafio quebrar a resistência que muitos homens têm em realizar o exame.

O urologista Ivam Moritz apontou que nem todos os tumores na próstata precisam ser retirados, ou até mesmo necessitam de tratamento. Deu exemplos de alguns pacientes seus, que tiveram problemas, principalmente sexuais, em razão da retirada desnecessária da próstata. Finalizando sua participação, comentou a importância da alimentação para a prevenção do câncer, e afirmou: “o vinho é o melhor amigo da próstata!”.

Luís Felipe Piovesan, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia Seccional Santa Catarina, falou sobre a necessidade de se realizar o Novembro Azul em Santa Catarina, desafio que deve ser assumido pelo poder público e sociedade civil organizada. Segundo ele, o câncer de próstata é o segundo que mais mata homens no mundo, perdendo apenas para o de pulmão. O câncer de próstata mata um homem a cada 40 minutos no país, sendo que a cada oito minutos, um paciente é diagnosticado com a doença.

A vice-presidente da ACBG Brasil, Melissa do Amaral Ribeiro, abriu a palestra sobre câncer de cabeça e pescoço com um depoimento emocionante. Ela teve a laringe retirada e falou pela primeira vez ao público, com auxílio da voz eletrônica. Melissa contou sua história e destacou o desafio de se adaptar às novas condições físicas e o estranhamento causado em familiares e amigos. Levantou a questão da necessidade de uma equipe multidisciplinar no atendimento dos pacientes laringostectomizados no tratamento e na reabilitação.

O palestrante Luiz Roberto Medina dos Santos, cirurgião chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Cepon, destacou quais os principais tipos de câncer que acometem a região de cabeça e pescoço, como pele (melanoma e não melanoma), cavidade oral, laringe, linfoma e tireoide. O desafio, nesse caso, é o combate a fatores de risco, como alimentação inadequada, obesidade, exposição solar, tabaco e abuso do álcool. Observou o aumento de casos resultantes da infecção por HPV, o que pode ser evitado com a prática de sexo oral seguro e por meio da vacinação.

O médico Carlos Augusto Rodrigues Véo falou sobre a dificuldade de manutenção do Hospital do Câncer de Barretos, onde trabalha. A entidade tem convênio com o SUS, mas depende de doações para oferecer tratamentos mais avançados e, além disso, comprar insumos básicos para cirurgias e medicamentos não cobertos pelo SUS. A palestra dele foi sobre câncer colorretal, segundo câncer que mais mata no Brasil. Apontou o rastreamento precoce como altamente eficaz, por se tratar um câncer de crescimento lento. Apresentou como principais problemas a não cobertura pelo SUS de exame de FIT, de rastreamento precoce, regulação burocrática e centralizadora, e falta de tratamentos de alto custo, como radioterapia e vagas em hospitais para cirurgias de grande porte.

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