Pesquisadores desenvolvem vacina personalizada contra o câncer de ovário
Fórmula criada a partir de células da paciente faz com que o sistema de defesa reaja com mais potência à presença do tumor em estágio avançado. A taxa média de sobrevida aumenta em até dois anos, segundo testes com 25 voluntárias
Geralmente descoberto em estágio avançado, o câncer de ovário é uma doença de difícil tratamento. Muitas pacientes que recebem a terapia padrão — cirurgia seguida de quimioterapia — não respondem às intervenções e ficam sem opções curativas. Em busca de novas possibilidades de abordagem médica, pesquisadores da Suíça, dos Estados Unidos e da Grécia desenvolveram uma vacina voltada para o tratamento personalizado dessas mulheres. A fórmula contém células que estimulam o sistema imune para combater o cancro e se mostrou eficaz em testes iniciais, aumentando a sobrevida das participantes em até dois anos. Os achados foram publicados na edição desta semana da revista Science Translational Medicine.
A fórmula desenvolvida pelo grupo internacional é composta por células dendríticas ativadoras da resposta imune, moléculas que otimizam o sistema imunológico, retiradas do sangue da própria paciente. Após a coleta dessas estruturas, elas são expostas ao material tumoral, o que funciona como uma espécie de treinamento para que elas passem a identificar e a se infiltrar nos tumores.
“Estávamos interessados em utilizar o tumor inteiro como fonte de antígeno para a vacinação, pois acreditamos que é o melhor tipo de estratégia, já que cada tumor é diferente. Usar o cancro como base para vacinar é uma abordagem em que acreditamos e apostamos neste estudo, o que também foi feito com base em nossas pesquisas anteriores sobre o mesmo tema”, conta ao Correio Lana Kandalaft, pesquisadora do Hospital Universitário de Lausanne, na Suíça, e autora principal do estudo científico.
A vacina foi aplicada em 25 pacientes com câncer de ovário recorrente e avançado, acompanhadas durante dois anos. Uma parte das participantes recebeu apenas a fórmula experimental. A outra, uma combinação da vacina com dois medicamentos que modulam o sistema imunológico: bevacizumabe e ciclofosfamida.
Os resultados foram bastante positivos, na avaliação dos pesquisadores. Todas as 392 doses usadas foram bem toleradas pelas pacientes, que demonstraram respostas robustas de células-T (células do sistema imune) contra células tumorais. “A vacina impulsionou uma resposta imunológica, e esse aumento na reação se correlacionou com a melhora da sobrevida dessas pacientes”, frisa a autora.
As pacientes tratadas com a combinação da vacina e os dois medicamentos apresentaram os melhores resultados. Nesse caso, houve aumento de dois anos na taxa de sobrevida média, quando comparada à de mulheres tratadas apenas com bevacizumabe e ciclofosfamida. “Acreditamos que, apesar de os resultados serem preliminares, a vacina pode contribuir para tratamentos mais eficazes contra o câncer de ovário. O bevacizumabe e a ciclofosfamida são usados rotineiramente. Tudo o que fizemos foi adicionar a vacina. Isso significa que devemos ser capazes de integrar facilmente essa imunoterapia”, acredita Lana Kandalaft.
Fonte: Correio Braziliense
Notícia publicada em: 12/04/2018
Autor: Vilhena Soares
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