Pesquisa diz que 52% das mulheres não fazem exame ginecológico preventivo
Fonte: Portal UOL
Notícia publicada em: 11/01/2018
Autor: Larissa Leiros Baroni
Mais da metade das mulheres brasileiras (52%) não realizam o papanicolau –tradicional exame ginecológico de prevenção a esse tumor–, segundo uma pesquisa da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica) divulgada com exclusividade ao UOL. Por outro lado, 86% dos brasileiros já ouviram falar do câncer do colo do útero.
O índice é mais baixo no Rio Grande do Norte, onde apenas 25% das mulheres costumam realizar o exame. Entre os Estados que estão abaixo da média nacional aparece Roraima (27%), Mato Grosso (27%), Tocantins (27%) e Bahia (29%). Na Paraíba, 75% das mulheres dizem fazer o papanicolau com regularidade.
O câncer de colo do útero, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), é o terceiro tumor que mais atinge a população feminina no Brasil. Perde apenas para o de mama e o de colorretal. É ainda a quarta causa de morte por câncer de mulheres no país. Por ano, faz cerca de 5.430 vítimas fatais e apresenta 16.340 novos casos.
“A negligência é preocupante”, afirma Andreia Melo, diretora da SBOC. Segunda ela, o exame é capaz de reduzir em até 80% a incidência do câncer de colo de útero. “É um procedimento simples, que consegue rastrear lesões pré-invasoras ou invasoras para que possam ser devidamente tratadas antes que o tumor se desenvolva”, explica a oncologista.
O Papanicolau, de acordo com a especialista, é recomendado a mulheres de 25 a 64 anos. “E devem ser feitos anualmente. Mas, após dois exames negativos, esse intervalo pode ser prolongado para três anos”. Ainda assim Melo recomenda que as mulheres se habituem a frequentar o ginecologista pelo menos uma vez ao ano. “Muitas outras doenças e cânceres podem ser evitados.”
De acordo com os entrevistados, os principais motivos para não realizar os exames são não ter um plano de saúde e a falta de tempo. “Tudo bem que o agendamento de exames e consultas é mais fácil para os 24% da população que têm acesso a convênios médicos. Ainda assim a rede de saúde pública também disponibiliza o exame em todo o país. Basta procurar uma unidade de saúde básica ou os agentes da saúde da família”, afirma Melo. “Se a gente cuida da gente, não há como terceirizar essa culpa”, completa.
Uma parcela dos entrevistados (20%) diz não realizar os exames preventivos por não julgarem necessários. Uma em cada dez mulheres diz não conhecer o câncer de colo de útero.
Outras formas de prevenção negligenciadas
Uma das principais causas do câncer de colo de útero é o HPV -uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo. Segundo a pesquisa, 11% das mulheres do país discorda, em maior ou menor grau, que vacinas contra Hepatite B e HPV são eficazes para evitar o desenvolvimento do tumor.
Além disso, uma em cada quatro mulheres não vê a relação entre DSTs e as diferentes formas da doença. Quatro em cada dez mulheres afirmam não usar preservativos e nem aderir a campanhas de vacinação.
“Para diminuirmos a presença da doença entre as mulheres, é essencial ainda que utilizemos os meios que já temos em mãos, como as vacinas e os preservativos e exames de prevenção, que podem ser encontrados gratuitamente por toda a população”, diz a oncologista, que cita o tabagismo como outro grande vilão do câncer de colo de útero.
“Apesar de o cigarro estar comumente relacionado ao câncer de pulmão, também é um fator de risco relevante quando se trata do tumor do colo de útero. E, mesmo o hábito sendo mais comum entre a população masculina, o que a pesquisa nos mostra é que grande parte das mulheres ainda fuma e, o mais preocupante, não pretende parar”, diz Melo.
Segundo o estudo, 12% das mulheres do país fumam. Entre as fumantes, 14% consomem mais de 10 cigarros por dia e 7% não abdicariam do hábito.
A pesquisa intitulada “Panorama sobre Conhecimento, Hábitos e Estilo de Vida dos Brasileiros em relação ao Câncer” ouviu 1.500 homens (48%) e mulheres (52%), com idades a partir de 18 anos, das classes A (4%), B (23%), C (47%) e D/E (25%) e de todas as regiões do país.
Deixe seu Comentário
Atenção: Os comentários abaixo são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores e não representam, necessariamente, a opinião da AMUCC