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Cuidado com os aditivos químicos, evite os ultraprocessados

Cuidado com os aditivos químicos, evite os ultraprocessados

Se eu perguntar por aí, o que é alimentação saudável, todo mundo saberá me responder. Assim como a política e o futebol, temos milhares de leigos especialistas no assunto. Se eu disser que preciso emagrecer ou que quero comer bem, terei diversas sugestões diferentes, se colocar essas declarações nas redes sociais, então? Talvez encontre milhares delas. O problema está na distância entre a teoria e a prática.

O estudo Vigitel 2016 – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico- feito pelo Ministério da Saúde, apresenta dados alarmantes sobre as escolhas alimentares dos adultos brasileiros. Por exemplo, apenas 1 em cada 3 consome frutas, verduras e legumes 5 vezes por semana, portanto, cerca de 65% não têm esse hábito. Entre quase 40% dos entrevistados o consumo frequente de feijão também caiu nos últimos anos e mais de 15% afirmam substituir o almoço ou o jantar por lanches, todos os dias. Esses números demonstram que as pessoas estão mais distantes da comida de verdade. E se essa relação está estremecida, quem ganha força são os alimentos industrializados, principalmente os ultraprocessados. Hoje vou falar sobre eles, sobre os inúmeros aditivos químicos que eles trazem e sobre os malefícios que esses aditivos nos causam.

No Brasil, há 350 tipos de aditivos químicos permitidos pela Agência de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Essa permissão não impede que tais substâncias nos tragam problemas. Os aditivos são usados com diversas finalidades, entre elas: realçar o sabor dos alimentos, aumentar o seu tempo de validade, evitar a sua oxidação, esconder algum gosto inapropriado, realçar a sua cor ou até criar uma cor nova. Em uma única refeição podemos consumir de 12 a 60 tipos. Mais conhecidos por siglas ou por números, muitos deles já foram alvos de diversas pesquisas, nacionais e internacionais, e os resultados não foram nada positivos, vou citar apenas alguns exemplos, porque não teria espaço para todos. É importante ressaltar que vários países já tiraram determinados aditivos de circulação.

O glutamato monossódico é um dos realçadores de sabor mais utilizados pela indústria alimentícia brasileira, está presente na maioria dos produtos salgados, nos biscoitos, no tempero do macarrão instantâneo, nas sopas de copo ou de saquinho, nos frangos temperados, em patês, embutidos e salgadinhos de trigo, milho ou batata, entre muito outros. O consumo excessivo desse aditivo aumenta a produção de insulina pelo pâncreas, que pode levar à crises de hipoglicemia e, com o passar do tempo, esse aumento pode causar uma resistência à insulina, que pode desencadear doenças como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão e alteração do colesterol e do triglicérides. Além disso, ele é considerado tóxico para as células nervosas, causando uma excitação nessas células que podem se refletir em enxaquecas, dificuldade de concentração e irritabilidade, entre tantos outros sintomas negativos.

Muitos doces e guloseimas infantis são coloridos pela Eritrosina (E127). Já foram encontradas evidências de que esse corante é um poderoso inibidor de dopamina, um neurotransmissor ligado ao prazer, cuja deficiência pode gerar depressão. Nos molhos de salada, refrigerantes, cervejas e recheios de frutas de bolinhos e de bolachas recheadas, encontramos os Benzoatos (E210-E219). O seu consumo já foi associado ao aparecimento de urticárias e de asma e, entre as crianças, podem estar ligados com casos de hiperatividade.  O bacon, o presunto, as carnes processadas, os embutidos em geral e alguns tipos de queijos têm em comum os nitratos e os nitritos (E249-E252). Essas substâncias são comprovadas causadoras de enxaquecas e ainda são relacionadas com casos de câncer.

Estudos feitos em 2015 e em 2016 relacionam o consumo excessivo de muitos aditivos químicos com a inibição de enzimas digestivas e de enzimas responsáveis pela eliminação de toxinas do organismo, e podem destruir células de defesa do intestino, alterando a sua permeabilidade, que impede a entrada de substâncias estranhas ao organismo. Muita gente deve estar se perguntando: Então não posso comer mais nada? Pode sim, pode voltar a comer comida de verdade, arroz, feijão, todos os tipos de cereais e leguminosas, carnes, frutas, verduras, legumes, raízes, cogumelos. Além de não terem esses aditivos, os alimentos naturais irão te fornecer vitaminas, fibras, compostos bioativos e minerais que ajudam na proteção contra estas substâncias. Assim você poderá consumir algumas ‘porcarias’ de vez em quando.

Fonte: Estadão
Notícia publicada em: 15/05/2017
Autor: Juliana Carreiro

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