Alerta que deve chegar na infância

Peso em excesso sempre foi uma preocupação em diferentes idades, até porque a maioria das pessoas quer ter o corpo em forma. Um descuido aqui, outro ali e não demora muito para que surjam algumas ‘gordurinhas’. A preocupação com uma alimentação saudável deve surgir já na infância para que a criança não se torne um adulto obeso. Exemplo de que a obesidade tem sido um problema está no resultado da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) realizada pelo Ministério da Saúde em todas as capitais do país.

O estudo foi divulgado no dia 17/04/2017 e mostra que a obesidade cresceu 60% entre os brasileiros, na última década. A prevalência passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016 e atingiu quase um em cada cinco brasileiros.
O problema não tem atingido apenas adultos, mas também crianças. Pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já apontaram que uma em cada três crianças no Brasil pesa mais do que deveria. Na Capital Nacional do Chimarrão, segundo último levantamento realizado, em 2014, nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental, 33% das 2.366 crianças e adolescentes avaliados encontravam-se com excesso de peso ou obesidade.
A obesidade infantil é uma doença crônica que pode ser causada por uma multiplicidade de fatores e é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no tecido adiposo, que pode ser visto pelo aumento de peso corporal quando for superior a 20% do peso ideal, de acordo com a idade, o tamanho e o sexo da criança.

Papel dos pais
A nutricionista Gisele Leismann percebe que o número de crianças obesas é cada vez maior e, na opinião dela, isso está relacionado também aos hábitos e rotinas das pessoas nos dias de hoje. ‘Os pais optam por comidas mais práticas, fáceis de fazer e acabam tendo muita coisa em casa de fácil acesso às crianças’, explica.

Segundo ela, o que também contribui para que algumas crianças sejam obesas é a falta de informação dos pais, isso porque as mães não mantêm a amamentação exclusiva até os seis meses, ou seja, antes da criança completar essa idade, ela já consome outros tipos de alimentos. ‘Muitas vezes, quando se inicia a alimentação antes, a obesidade pode estar atrelada a isso’, complementa.

Conforme a profissional, outro problema está no fato de alguns pais ou responsáveis introduzirem refrigerantes, doces, salgadinhos e alimentos industrializados muito cedo na rotina dos pequenos, o que não é o correto. Mesmo que os produtos mencionados não sejam indicados – principalmente antes dos dois anos -, sabe-se que é difícil algumas crianças não terem acesso a eles. Gisele recomenda que se tente evitar o máximo possível a ingestão desses alimentos, porque, além de fazerem mal à saúde, quando consumidos em excesso, levam à obesidade. ‘São preferíveis as coisas caseiras, cuidando-se a adição de sal, açúcar e gorduras. Se for para consumir, que seja em momentos especiais, como festinhas de aniversários’, acrescenta.

ADULTOS OBESOS
Segundo a nutricionista, crianças obesas têm chance de serem adultos obesos. O excesso de peso, por exemplo, traz uma série de consequências à saúde, como colesterol alterado, diabete, hipertensão, problemas ósseos e articulares, distúrbios do sono, falta de ar e doenças respiratórias, além de baixa autoestima.

Como forma de tratar a obesidade e descobrir quais os fatores que levam cada criança a isso – já que cada organismo é diferente – Gisele recomenda um acompamento de um nutricionista, pediatra e alguém que dê orientações sobre quais as atividades físicas praticar: ‘É preciso regrar a alimentação e não fazer dieta ou privar a criança de comer arroz, feijão, por exemplo’.

Embora muito se fale que se torna importante manter uma alimentação saudável por meio do consumo de verduras, legumes e alimentos ricos em proteínas, vitaminas e outros nutrientes, nem todas as crianças de fato gostam de consumir o que é saudável. Quanto a isso, Gisele ressalta que em últimos casos é possível ‘camuflar’ o alimento no prato para que a criança o consuma, mas o ideal é que seja apresentada a importância de comê-lo para a saúde. Além disso, para confirmar se uma criança não gosta de determinado alimento, ela precisa provar de oito a dez vezes, mas com preparações diferentes.

Cuidados importantes

A nutricionista da secretaria de Saúde de Venâncio, Katia Zini, comenta que a obesidade tem influência genética, mas não significa que todos os pais e mães com obesidade também terão filhos com o problema, até porque pais e mães dentro do peso podem gerar filhos com obesidade. ‘Isso porque a obesidade infantil tem ligação direta com os hábitos alimentares da criança e da família, bem como, com a realização de atividades físicas’, explica.

Segundo ela, não existe nenhum tratamento farmacológico em longo prazo que não envolva mudança de estilo de vida. Os métodos são os mesmos adotados para adultos, ou seja, mudança de hábitos alimentares com uma alimentação mais saudável e a prática de exercícios.

Além do consumo de frutas e verduras, Katia aconselha a preferir alimentos integrais aos refinados e a servir porções adequadas, porque as crianças comem bem menos do que os adultos. ‘Se a criança não conseguiu comer todo o prato, não se pode forçar a terminar. Na próxima vez é melhor servir menos’, comenta. O uso de computadores e celulares também aumenta o sedentarismo, o que é um fator contribuinte para a obesidade. Diante disso, é necessário dosar o uso desses meios eletrônicos.

A nutricionista Katia Zini listou os principais fatores que contribuem para que as crianças e adolescentes sejam obesos, veja:
– Dieta desequilibrada, rica em alimentos industrializados e congelados, fast-foods, frituras, salgadinhos, refrigerantes e doces em geral;
– Sedentarismo, pois a atividade física ajuda a queimar as calorias ingeridas;
– Histórico familiar de obesidade, porque a doença tem influência genética e os maus hábitos alimentares podem ser ensinados de pai para filho;
– Fatores psicológicos como estresse, depressão, ansiedade e tédio podem fazer as crianças comerem mais do que o normal;
– Doenças hormonais ou uso de medicamentos a base de corticoides.

Fonte: Folha do Mate Online
Notícia publicada em: 19/04/2017
Autor: Indefinido